[Marcos, esta carta é para o futuro. É
pra deixar guardada bem no fundo da gaveta que você menos usa. Um dia ela
servirá pra alguma coisa. Eu espero...]
A gente envelhece. Ganha
olheiras, algumas dezenas de cabelos brancos e um bocado de preocupação.
Criamos expectativas, desejos, fantasiamos romances impossíveis, conhecemos
pessoas maravilhosas e seguimos em frente deixando tudo “voando sem
instrumento, ao sabor do vento”. E sempre tem aquela peça que não encaixa,
feito quebra-cabeça com defeito de fábrica. E tudo isso tem te perturbado
bastante no início desses 21 anos, né?
Calma. Na pior das hipóteses, é
bom encarar tudo isso como sendo inferno astral pré-aniversário. Se essa
preguiça existencial não passar, é melhor procurar ajuda psicológica. Lembre-se
de que não conseguimos nada de mão beijada. É preciso se levantar da cadeira de
balanço, colocar a melhor roupa e ir em busca da diferença – mesmo que ela seja
a mesmice pintada com uma cor azul anil. Hoje eu decidi escrever sem nexo de
causalidade, sem razão, sem porquê.
Sou eu contra mim mesmo (e a favor de uma dezena de leitores que ainda
acreditam nos meus devaneios).
Tá difícil recomeçar, né? Essa
mistura de sentimentos não faz bem a você e só prejudica quem está ao seu
redor, esperando uma resposta, um convite para ir ao cinema ou a um show
qualquer. Tem sido difícil convidar. Tem sido mais fácil recusar convites.
Vamos mudar? Você já mudou? O bacana é parar de fantasiar defeitos e tentar
encontrá-los de fato. E quem não tem defeitos? Custa procurar? Custa se
decepcionar? A gente tá de passagem nesse show chamado ‘vida’ justamente pra
isso. Pelo menos é o que eu penso. Pelo menos é o que me fizeram pensar.
Elas. Sempre a tua dor de cabeça.
Você se apaixona, se apaixona, se apaixona, desapaixona, desapaixona,
reapaixona, apaixona de novo, esse eterno ciclo de querer se apaixonar. E fica
imaginando como será daqui a 10 anos. Como estamos depois de 10 anos? Muita
coisa mudou? Muita gente mudou? Quem é você agora, Marcos? Alguém melhor que
eu? Alguém mais angustiado, mais satisfeito, mais feliz? E elas? Ainda importam
ou todas foram pontes para um nível mais apurado de felicidade?
Ainda prefere a noite? Ainda tem
aqueles sonhos dos tempos da faculdade? Quais dores sente? Os joelhos estão
bem? Já fez seu check-up? Já aprendeu a dirigir (espero que o trânsito esteja
menos caótico)? Já voltou ao Rio de Janeiro? Já conheceu Curitiba, Minas
Gerais, Fortaleza e São Paulo? Depois dessas perguntas, eu vejo que ainda há
tanto pela frente! É bom se cuidar. A preferência é planejar, deixar sempre a
inquietude te manipular. Ainda te apetece quem te apetecia?
Sei lá. São palavras e perguntas
soltas, sem sentido. É de madrugada e poucas vezes eu, você, nós conseguimos
escrever nesse horário. Não vou me estender. Todas as correções devem ser
feitas em mim, não em você. Você é projeto corrigido, versão deluxe, com faixa
bônus e novidades. Saiba que te admiro bastante sem nem ao menos te conhecer.
Acho que você deu certo. Era tudo o que eu queria pra mim, tirando um ou dois
probleminhas fáceis de resolver. Esqueça a dificuldade e mantenha o foco. Lembre-se
de mim, prestes a completar 21 anos, e se pergunte: “eu mudei?”. Mudança, esse
eterno jogo onde o adversário é você mesmo. Bom dia. Boa tarde. Boa noite. E manda um beijo pra ela, seja quem ela for!
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