Enquanto escrevo este texto, o
pedreiro está produzindo entulho (e fazendo barulho) na porta da minha casa. A
morada, antes baixa – característica marcante do bairro onde moro –, precisou
ganhar uma garagem pra ficar nivelada em relação às outras da rua. Mentira se
eu disser que não rola um medo de morar em uma casa baixa em tempos de
violência urbana. A cerca elétrica até resolveria o problema, mas uma garagem,
além de aumentar o valor do imóvel para uma possível venda, é extremamente
necessária no caso de uma redução ainda maior do IPI para que eu pense em
comprar um carro.
Ser o homem da casa desde os 17
anos me possibilitou muita coisa, inclusive administrar as contas do mês e
programar direitinho o que dá pra fazer e o que não dá no próximo. Você pode
pensar que é muita responsabilidade pra um adolescente, mas até que é fácil e
tenho certeza de que irá me ajudar bastante quando eu for pai de família. Mais
poder de decisão e menos dúvidas para um “marinheiro de primeira viagem”.
Quanto à reforma em si, o
problema de modificar um imóvel, ou até mesmo construí-lo do zero, é a dor de
cabeça que dá. A primeira dificuldade é encontrar um pedreiro. Em tempos de
considerável aumento na construção civil brasileira, com cada vez mais prédios
e condomínios sendo erguidos, esses profissionais ficaram raríssimos e os que
sobraram cobram absurdos por trabalhos ditos “pequenos”. Primeira dica: contratar
um operário confiável, recomendado por alguém igualmente confiável e entrar em
acordo quanto ao preço da obra. O diálogo ainda é a base de tudo.
Feito isso, é hora de adquirir o
material bruto necessário para o serviço. Assim como na compra de qualquer
coisa, pesquisar é a alma do negócio. No meu caso, consegui bons descontos
batendo perna em busca do melhor preço. Comprar à vista também pode ser uma
boa, mas depende bastante do orçamento disponível naquele momento. Iniciar uma
obra contando com dinheiro que não está em caixa é roubada. Dica esperta: anote
todos os seus gastos e controle tudo o que entra e sai de seu bolso. É preciso
ter consciência de que sempre vai faltar alguma coisa não pedida no material
inicial, seja um saco de cimento ou mais alguns caibros e ripas. E dá-lhe
cartão de crédito!
Depois de tudo, vem o acabamento.
Escolher uma loja de materiais de construção grande pode ser mais viável por
causa da quantidade de opções, mas isso vai do gosto de cada um. É importante
atentar para itens geralmente deixados de lado pela maioria dos consumidores,
como taxa de entrega e porcentagem de desconto para o caso de compras à vista. Detalhes
como esses podem diminuir bastante o preço da compra e a pesquisa também acaba
sendo outro trunfo para os desavisados.
Alguns atropelos sempre vão
acontecer, mas é preciso estar preparado para saber burlá-los. Paciência e
autocontrole são as palavras de ordem nesse caso, principalmente se você tiver
que ficar em casa durante todo o período da reforma. Fiscalizar o serviço do
profissional é fundamental a fim de que tudo saia do seu jeito e que não fique
faltando nenhum retoque para depois. A dor de cabeça acaba sendo parte do
processo, mas eu bem que gosto. São situações como essas que nos mostram como
agir frente a dificuldades, geralmente imprevisíveis. Uma reforma, por mais
simples que seja, pode nos ensinar muita coisa, desde como economizar e
conhecer quem realmente são seus vizinhos. Aqueles marocas!