terça-feira, 30 de junho de 2009

Métodos Marckosianos de ver a vida (3)

Desafio. Bem que eu poderia ter deixado pra trás essa palavra, ter evocado um ano bom e parado, pelo menos por um instante, de querer ser um legítimo sagitariano. Achei que desafio fosse o que eu já estava acostumado a ver nos últimos tempos, que, mais cedo ou mais tarde e da maneira mais fácil possível, seriam resolvidos em um piscar de olhos. Me enganei… Mas não me arrependo, e nem por isso deixo de gostar de ser desafiado, posto à prova, mesmo que isso custe minha paciência e um pouco de minhas lágrimas.
 
Posso dizer que o ano começou pra mim depois da morte de meu padrinho. Cara, como eu sofri calado. Pensar que nunca mais eu iria ver uma pessoa que gostava de mim, que fazia meus gostos, que havia me ensinado e deixado lições. Nunca mais mesmo – até porque ele morava longe e nem trazer o corpo pra cá dava. Foi o pior dia da minha vida. Aquela segunda-feira calada, tudo tão rápido. Meus 17 anos traziam agora a responsabilidade de ser o homem da casa, de me virar com a grana do mês, de achar soluções mirabolantes para problemas que a cada dia só pareciam aumentar e de ser alguém na vida…
 
Minha família – minha mãe e minha madrinha – sempre acharam que eu deveria ser da vida o que eu achasse que deveria ser. Confesso que tinha uma quedinha pelo status que a Medicina traz consigo, mas acabei desistindo por causa do medo de enfrentar meus medos. E são tantos medos, minha gente. Porém, no meio disso tudo, despertei que argumentos eu tinha, gostava de política e que sabia usar o poder da retórica pra convencer quem estivesse do meu lado, fosse pra ir ao cinema, pra sair de casa em um sábado à tarde ou para deixar que eu ficasse até tarde na casa de uma amiga. Farei Direito…
 
O grande problema é que pra fazer Direito você precisa passar em um vestibular. Pra quê responder 55 questões de coisas que você não sabe porque está respondendo se só precisa mostrar-se bom em História e Filosofia?! E é aí que 2009 me prega mais uma peça. Passo de sonhador em advocacia pra cobaia do Novo Exame Nacional do Ensino Médio, vulgo NENEM. 180 questões em 2 dias, de manhã e de tarde, fim de semana e com tudo novo - sem decoreba, pelo menos. Um desafio e tanto, hein? Esse eu ainda não venci, mas o farei muito em breve…
 
E os amores, meu povo? Como anda a vida sentimental de vocês? A minha foi um reboliço. Frágil pela perda de um ente querido, conheci uma carioca, pela internet. Engraçada, sensual e que compartilhava os meus mesmos gostos… Mas sabe quando isso não basta e você passa a enxergar que não é aquilo o certo pra você? E a Inspiração? Eu não falei que o tempo da paixão era exatamente o tempo que a gente teve pra se encontrar? Pois é, desencanto. Conhecer o verdadeiro eu de algumas pessoas pode fazer você se afastar bruscamente delas.
 
Amar, só a Deyse. Podem passar 2, 5, 30 anos, eu ainda vou estar consciente de que o meu primeiro amor mesmo, amor desses de ficar gelado no primeiro encontro, de sentir ciúmes a toda hora, de sentir saudades a toda hora, de ser desafiado a toda hora, foi ela quem me proporcionou. Estamos aí entre trancos e barrancos, apesar de não estarmos mais “namorando”, aprendendo a cada dia, sofrendo a cada dia, vivendo a cada dia… Ah, foi com ela também que eu tive a melhor noite da minha vida, que não foi isso que vocês estão pensando, mas que também não conto aqui nem na base da porrada. Aquela sexta-feira estrelada, tudo tão cadenciado…
 
Bem, os amigos. Aprendi que até os meus colegas são meus amigos, só que exercem funções diferentes nessa classificação maluca. Resumindo, existe amigo pra tudo! Inclusive pra dizer que seus problemas são medíocres. Que tipo de amigo é esse? E que tipo de amigo seria eu se não o perdoasse, mais uma vez?! E tem a amiga pra quem eu conto tudo, toda a verdade, toda a vontade e até alguns segredos [!]
 
É como eu falei: somos heróis de nossa própria história. Não deixe que meia dúzia de outros o façam desistir de seus sonhos. Aceite todos os desafios que a vida insistir em impor pra você. Ame. Não se arrependa. Se tem que fazer, vá lá e faça. Mude, que é pra deixar os outros com a boca aberta, mas não mude sua essência. Se divirta. Saia com novos amigos, saia com velhos amigos, saia consigo mesmo. “Enfrente seus medos e viva seus sonhos”, frase que me faz acreditar que deixar de ser pessimista pode ser uma boa, mas que ainda tem muita pedra no caminho, ah, isso tem…

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Diploma? Que diploma?

Agora é lei. Qualquer pessoa que souber dominar a língua portuguesa e quiser emitir algum tipo de informação já é considerada, de fato e direito, jornalista. Acabaram-se anos de formação, estágios em grandes redes de comunicação e, principalmente, a obrigatoriedade do diploma. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, que votou contrariamente à exigência do diploma, alega que a Constituição de 1988 e a grande disseminação de blogs pela internet contribuíram fortemente para a derrubada do decreto-lei 972/69, que exigia tal requisito.
 
Mas, na realidade, qual a função de um jornalista? Seria simplesmente organizar suas ideias e repassar informação ou existe algo além disso? Bem, tudo não passa de ponto de vista. Ser jornalista é ter a notícia correndo nas veias; é poder transmitir com imparcialidade um fato, ação corriqueira ou até mesmo algo extraordinário; é saber organizar as palavras, construir argumentos e fazer com que o leitor/ouvinte seja consumido diariamente por novas possibilidades. E olha que nem jornalista eu sou…
 
E como é ponto de vista, fica claro e evidente que ser jornalista também é poder divulgar sua opinião por aí e respeitar a Constituição no que se diz respeito à “liberdade de expressão”. E quantos bons jornalistas, realmente, não estão escondidos Brasil afora? E quantos bons poetas, músicos, jogadores, escritores, artistas… É nesse ponto que o ministro, e todos aqueles que o acompanharam na votação, estão certos.
 
O problema é que parar de exigir diploma é uma afronta principalmente para os estudantes que ralam durante uma vida escolar inteira galgando estabilidade profissional. É um paradoxo. Ou isso ou sair do Terceirão, abrir uma conta no blogspot e ir publicando o que lhe der na telha. Somos imediatistas. Nossos representantes só dão conta da bomba que jogam na população depois que ela estoura. Falta diálogo, falta ouvir mais e fazer menos besteira.
 
E se você pensa que só jornalistas vão sofrer com a decisão suprema do Supremo Tribunal Federal, é melhor rever seus conceitos. O próprio Gilmar já admitiu que outras profissões também sofrerão revogação da exigência do diploma muito em breve. Provavelmente, pra ser médico, você só precisará pegar a tesoura de costura de sua mãe escondida naquela gaveta de madeira, ir de encontro a um paciente qualquer em um desses hospitais públicos sucateados e operá-lo, sem anestesia mesmo, no próprio corredor. Acredito até que seria bem melhor que deixá-lo morrer…
 
E quanto aos blogs, poderíamos estar dando pulos de alegria por aqui porque já teríamos emprego garantido em uma Globo, Record ou CNN da vida… Mas não é bem assim. A esperança em um país mais crítico é o que nos faz estarmos aqui escrevendo e emitindo opinião todos os dias. E se eles não se importam com o que pensa a população, eu pelo menos me importo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Revoluções por minuto

Foi-se o tempo em que revolução era sair nas ruas e reivindicar seus direitos. Hoje em dia somos bombardeados por revoluções, sejam de ideias ou costumes, quase que diariamente. Somos praticamente impostos a nos encaixar nas novas ondas, nas novas modas e viver sob suas custódias. Prisioneiros de um sistema ideológico que necessita de mudanças bruscas a todo momento? Engenheiros de um sistema alternativo para os problemas atuais? Ou apenas humanos?
 
E eis que surge o que o RPM cantava nos anos 80, na música que leva o nome da banda – “Revoluções Por Minuto”: a constante mudança de conceitos gerada pela globalização, ainda em ascensão naquela época. Se o que Paulo Ricardo escrevia em 1984 já fazia sentido, imagine com o contexto atual, em meio a crises, ameaças de bomba e problemas climáticos decorrentes da ganância humana. Só nos resta analisar.
 
“Sinais de vida no país vizinho / eu já não ando mais sozinho”. A Coreia do Norte finalmente mostra do que é capaz, depois de ser menosprezada anos a fio, durante o governo Bush, pela nação americana. Vontade de crescer e aparecer fazem da nação comunista uma ameaça colossal à hegemonia dos EUA e deixam o presidente das boas relações em uma saia justíssima. Um pepinão, hein, Sr. Obama? Ou seria uma bomba de efeito moral?!
 
“Ouvimos qualquer coisa de Brasília / rumores falam em guerrilha”. Quem disser que não quer Lula pela terceira vez na presidência estará mentindo. O presidente neo-populista, apesar de garantir que nem cogita a possibilidade de mudar a Constituição Federal, é a única opção para o PT continuar nas cabeças. Dilma Rousseff, apesar de toda a confiança depositada, parece despreparada e dificilmente agradará eleitores conscientes. Ou isso ou aumentar o mandato para mais dois anos, quando se faria uma nova eleição – dessa vez, geral – para mudar de uma vez por todas aquilo a que denominamos ‘política’ nesse país bagunçado.
 
“Fulano se atirou da ponte aérea / não aguentou fila de espera / apertar os cintos / preparar pra descolar”. O problema da aviação brasileira em pleno século 21. Resolução imediata do imbróglio ou todo mundo que viaja de avião não assistirá nem as eliminatórias da Copa de 2014. E como se não bastasse, acordamos recentemente chocados com mais um acidente aéreo de terríveis proporções no território brasileiro. Tudo bem que dessa vez a culpa pode ser dividida com a França, que comemora o seu ano no Brasil. Mas o que nos garante se amanhã um acidente com um TAM, um GOL ou qualquer outro não abalará nossas estruturas. E ficamos a ver navios na fila de espera do avião…
 
“Nos chegam gritos da Ilha do Norte / ensaios pra Dança da Morte / tem disco pirata / tem vídeo cassete até”. Tudo bem que vídeo cassete ninguém usa mais, mas atenção! A crise que assola o mundo vem dos EUA, localizado na tal Ilha do Norte, assim como o vírus da gripe suína – aqui bem representado pela Dança da Morte, livro de Stephen King que conta a história do fim do mundo a partir de um vírus que destrói a raça humana. Algo bem simplório e que, ao contrário dos anos 80, traz consigo medidas e tecnologias suficientes para evitar problemas mais graves.
 
E se a China continua bebendo Coca-Cola e se ainda cheiram cola aqui na rua, isso é problema do Estado: globalizado e omisso. Pensando bem, é problema de todos nós. Cobrar dos nossos “representantes” e bater na mesma tecla sempre, que eles estão lá por causa de nosso voto. E se isso não bastar, vá às ruas. Não é isto que eles querem: revoluções por minuto?!