domingo, 29 de maio de 2011

Traumas musicais

Tramas e traumas: todo mundo tem. Um amor do passado que adorava Cazuza insiste em voltar toda vez que toca "Codinome Beija-Flor". Não responda nunca, meu amor, a qualquer um na rua "beija-flor", esse era o segredo de vocês. Música marca um bocado e você só percebe isso depois do último beijo, da última briga ou do último adeus. Até então, "Linger" era só a melodia que tocou em seu primeiro encontro, tal qual no filme Click.

Minha primeira música marcante foi "Wake Me Up When September Ends" do Green Day, lá em 2005. Marcante em relacionamentos, porque antes disso, muita coisa ficou guardada em forma de música por aqui. O clipe, aquela coisa melancólica de dizer adeus, e meu primeiro pseudonamoro contribuíram bastante pra banda americana encabeçar a lista. Era só eu ouvir a canção pra lembrar da maldita. Hoje estou curado (encontrei Jesus, encontrei Jesus).

2007 chegou e com ele um amor de verão, desses que vem de férias, passa 21 dias e te arrebenta bonito. Tempo suficiente para o Jota Quest e sua linda "Palavras De Um Futuro Bom" entrar no rol de músicas traumáticas. O som deixou de tocar todos os dias na rádio, a guria parou de falar comigo, mas mesmo assim, quando ouço, ainda dá vontade de precisar tanto aproveitar você, olhar seus olhos, beijar sua boca. Dizer palavras, palavras de um futuro bom.

O tempo passou e um trauma bem maior surgiu. Oasis e todas as suas músicas passaram a ser proibidão aqui em casa depois do fim de mais um pseudonamoro. A menina era fanática pela banda e ouvir Wonderwall sem lembrar do depoimento que ela havia me mandado com a letra da música era impossível. Graças a Deus que a banda acabou. Fim do trauma: mês passado, ouvindo "Stand By Me" na rádio, enquanto ia pra faculdade.

Por fim, tem a Colbie Caillat. Fim de 2009, casa da hoje ex-namorada, começo de namoro... O cd que rolava por lá era o "Coco" da Colbie. Festas de família, dá-lhe Colbie. Fim de ano? "Realize", "Bublly", "Magic". Por não contar com a possibilidade de que terminasse tão rápido, nem pensei em um possível trauma, portanto nem me preparei psicologicamente. Confesso que contarei por aqui quando eu ouvir "Battle" e não lembrar mais dela.

Hoje, a única certeza que tenho é que outros sucessos irão me traumatizar. Ou pelo menos me fazer lembrar de bons ou maus momentos. Dizem que eternizar é justamente isto: lembrar daquilo que você não quer, na hora em que menos imaginar querer!

domingo, 22 de maio de 2011

Pra ver A Banda Mais Bonita da Cidade passar

"Coração não é tão simples quanto pensa. Nele cabe o que não cabe na despensa. Cabe o meu amor! Cabe em três vidas inteiras. Cabe em uma penteadeira. Cabe nós dois. Cabe até o meu amor..."

Virou mania. De tempos em tempos, a internet descobre figuras que acabam fazendo sucesso em nosso dia a dia, seja na música, no humor ou em qualquer outro segmento cultural. Parte desse sucesso vem de vídeos postados no site Youtube, de perfis musicais criados no MySpace ou pela simples divulgação de uma opinião no Twitter. Artistas juvenis acabam sendo os mais beneficiados, haja vista seu maior contato com o mundo digital. E nós, os telespectadores, somos bombardeados diariamente com conteúdos agradáveis ou não.

Justin Bieber, Lady Gaga, Manu Gavassi e Fresno são alguns exemplos de cantores que alcançaram fama graças à massiva divulgação de suas músicas na rede mundial. No humor, figuras como PC Siqueira e Felipe Neto lideram as preferências graças a seus vídeos postados no Youtube. E tem muita gente bacana por aí, esperando seu vídeo alcançar 1 milhão de exibições em menos de uma semana pra garantir seu lugar ao sol. E foi o que aconteceu com a galera curitibana d’A Banda Mais Bonita da Cidade.

Com esse nome já dá pra ter ideia do que vem por aí. Ou eles são presunçosos demais ou realmente o conteúdo é que vale a pena. Nesse caso, fiquemos com a segunda opção. Em menos de uma semana (e até a conclusão desse texto), o clipe da música “Oração” da Banda Mais Bonita da Cidade já tinha alcançado 1.125.219 exibições. Como explicar esse sucesso estrondoso? Afinal, o que conta mais para a aceitação do público, o clipe, a música ou a divulgação?

Para alguns é o clipe. O vídeo, todo filmado em plano-sequência (sem cortes),  começa com um rapaz (o compositor da música, Leo Fressato, que não faz parte da banda) cabisbaixo, triste, cantando em um microfone e passeando pela casa. A cada cômodo que passa, músicos o acompanham com um instrumento diferente. No final, 16 pessoas estão reunidas em uma sala fazendo festa, como se fosse um grande encontro hippie, com vestidinhos florais, bermudões, etc.

Os que defendem que a música é o que garante o sucesso, o fazem pela sua facilidade de memorização, já que a letra tem apenas um parágrafo sequenciado, com palavras simples e rimadas. A divulgação também ajuda. No Facebook, 20.453 pessoas já curtiram a página da banda e o link com a música foi divulgado em vários perfis durante o fim de semana.

A prova de que simplicidade ainda é o melhor caminho para fazer sucesso está aí. A Banda Mais Bonita da Cidade chega para ser mais um hit da internet que, com certeza, terá retorno durante um bom tempo. Agora é esperar e aguardar mais coisinhas fofinhas aparecendo por aí. E enquanto elas não vêm, confira o clipe de “Oração”, aqui no Senhor do Tempo.



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Não se morre de amor

Ando melhorzinho, mas ainda não livrei-me do dia do suicídio. Foi demais pra mim. Ver-te caída na sala de estar, olhos estáticos, sorriso forçado, dor. Não dava pra fazer mais nada. Só lembrava-me da carta. Maldita carta. Por que ele haveria de escrever-te dias antes uma carta? Poderia ser um e-mail, uma mensagem de texto. Tempos modernos, sacana. Morreu de amor ou do que dizia ser amor por ti, triste donzela. E você, boba, ingênua e infeliz, acreditou. Um homem não morre de amores assim. A morte é por dentro, tal qual a vida de uma árvore, que deixa a seiva acabar-se antes de cair suas folhas. Se morre aos poucos, de leve, primeiro às 4, depois às 10 da manhã. Ao meio-dia a dor é grande, mas pode-se resistir. Quando a tarde chega, já é hora de recomeçar. Deixar o sossego invadir e o pranto calar. À noite, tudo volta ao normal e fica-se esperando mais uma morte na madrugada seguinte. Morrer de amor é ressuscitar para amar, não suicidar-se da vida. Mais uma vez te enganou. Tal qual fez quando te levou pra cama, tirou tua roupa e rompeu tua inocência. Ah, Inocência. Morreu cedo demais. Antes mesmo que eu confessasse te amar. Morre aqui um sentimento, coisa que nem mesmo o tempo será capaz de matar.

domingo, 8 de maio de 2011

Contos de Whisky VI

Ah, ela estava ali parada, infeliz. Mergulhando suas angústias em um copo de cerveja barata. Não era justo fazer o que fez, jogar o charme que jogou, invadir sua vida como invadiu. Ela era suscetível e foi um prato cheio pra teu teste de galanteador. Esqueceu-se de uma regra, fundamental nesse jogo que, pelo visto, você não sabe jogar: é proibido apegar-se. E isso vale para os dois.

Não é lição de moral. Eu tava lá. Eu vi, com esses olhos que já viram muita coisa nesse mundo. Coisas que se eu contasse, com certeza preferiria nem acreditar. Ela tinha alguém e não era você. Alguém que também não era quem teria de ser. Um jogo de aparências, blindagens e flertes. Pronto, meu caro. Ponto pra essa sua beleza, esse seu charme, esse bem-me-quer, mal-me-quer, esse eterno teste de bom caratismo em que até eu cairia.

Mas foi bom. Quem pode negar isso? Dava pra ver em teu rosto, em tua falta de medo, em teu aparente sossego. Maldita somente a noite que já iria acabar. Tinha mais depois, mas eu preferi não acompanhar. Tinha uma certa esperança de que dessa vez você saberia como conduzir o barco. Saberia a hora de dizer não, de falar sim, de contar com o talvez. Pelo visto, não soube.

Como assim não quis o Martini? Como assim prendeu-se ao U2? A noite era só agora, sem pressa, do jeito que tem que ser. Ah, meu caro. Confundem-se as sensações com as desilusões. E você nem sabe ao certo se foi parte delas. Que história é essa de personagens de filme? É tudo vida real. Não existe certo ou errado, isso ou aquilo. Era vocês por vocês mesmos. Coisa de gente grande. Ou daquilo que pensavam ser.

O certo é que agora passou. Ambos com armaduras cruéis que já nem sequer lembram da batata frita que sumiu feito Stephen Fry. Aliás, por onde anda Stephen Fry? Por onde andam aqueles dois que eu conheci bêbados naquele bar? Ela em sua essência, ele em sua decepção. Motivos teriam pra fazer tudo de novo, mas é melhor assim. Quem sabe da próxima? Quem sabe na décima? Eu, na condição de Whisky, prefiro nem contar.