quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Silêncio

Tem um bom tempo que eu não paro pra falar em primeira pessoa neste blog. Não sei se é falta de tempo, falta de ideias, falta de assunto... Talvez nem seja falta. Talvez seja tanta coisa pra falar que fica até difícil selecionar uma e escrever só sobre ela.

Pois bem. Dessa vez não pretendo descrever minha doce vida, até porque de doce ela não tem nada. Ou será que tem? Tem, o pior é que tem. Ela é tão doce que eu me lambuzo tanto e acabo virando diabético (no sentido figurado). Não que eu esteja reclamando do fato de minha vida ser doce. Eu coloco açúcar nela todo santo dia. E quando insistem em despejar um punhado de sal, eu vou lá e coloco dois punhados de açúcar, só pra ver em que essa mistura maluca vai dar.

Eu nunca fui bom em química, pelo menos a que nos ensinam na escola. Procuro trazer todo mundo pro meu lado, um lado que eu não sei ao certo se é bom ou se é ruim. Deve ser um lado açucarado - caramelizado, diria. Faço um monte de gente rir, fico sorrindo de mim mesmo e até choro antes de o pior acontecer. E vou sofrendo por antecipação...

Deixei valores para trás. Valores que eu acredito não me servirem mais, talvez agora, nesse momento. Não vou falar que valores são esses, senão me prolongo e só vou terminar de escrever na Quarta-Feira de Cinzas do ano que vem. O que eu tinha de fazer eu fui lá e fiz, sem depender de ninguém pra dizer se aquilo seria bom ou ruim. Só que eu sempre quero mais...

Porém, nem sempre querer mais significa querer tudo. E aquele mais que eu quis um dia hoje é apenas algo qualquer na minha caixa de brinquedos. Uma caixa de brinquedos que sempre que abro me surpreende. Meus amigos brincam com as coisas que estão dentro da tal caixa e eu, por pura falta de egoísmo, deixo. E vou deixando até achar o brinquedinho favorito que não deixarei que ninguém toque.

Fica, portanto, a lembrança de um 28 de um mês atrás. A lembrança de um sorriso de uma semana atrás e a lembrança de um momento único que ainda vou viver. Perdoe você se esse texto ficou pessoal demais. É que eu não tinha nada pra dizer...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Rabiscos

Parecia inútil acreditar que Ele estava certo
Parecia inútil acreditar que Ela era a errada
Os dois caminhavam, devagar, domingo afora
Ela, com seu colete à prova de balas
E Ele, com sua metralhadora de ponta
Ela, com sua nobreza perpetuando
Ele com seu pobre título de pobre bastando
Ah, que trágico!!
O destino une criaturas que nem ele próprio haveria de unir
Teimoso foi ele, que insistiu em querê-la
Ai que tempo doce
Já vem chegando o verão
Ela, com sua metralhadora cheia de mágoas
E Ele com seu colete à prova delas.
As mágoas
E Ela
Ah, Ela...

Marcos Lima

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Deixe

Deixe-me, me deixe sentir tudo o que quero, expressar o que vivo sem medo do seu olhar.

Deixa sentir a brisa me fazer menina e o vento me fazer mulher; esses mesmo ares fazerem o frio, o mais nobre arrepio com a chuva que vem molhar, me acariciar.

Deixe-me ver a blusa molhada ir ao ritmo da respiração, entrando em sintonia com a mente e a pele, livres e relaxados... Ver cada curva do meu corpo se encaixar no seu, o friozinho entre as pernas me faz sussurrar teu nome.

Simplesmente me deixe, não precisa se preocupar, só me deixe que eu sei me cuidar. Cada sorriso e cada olhar. Eu sinto, sinto malícia, sinto inocência, os olhos singelos e amáveis que pegam fogo ao fundo, eu sinto. Um gesto é um arrepio, um sussurro me faz derreter, suas mãos me fazem vibrar.

Deixe-me sentir seus cabelos por entre os dedos e cada veia pulsar o sangue que ferve, deixar a boca ocupada, os olhos cerrados, as pernas sem forças. A chuva ainda cai; ela celebra sem festa, sorri sem alegria e chora sem dor... Corre em harmonia com o suor dos corpos e a energia vil. Estamos vivos, latentes, quentes, explosivos. Só me deixe sentir isso, só me faça sentir você em mim!

Iris Ribeiro