quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Hora da indireta

Quem me acompanha no Twitter sabe o quanto eu alterno conteúdo em minhas postagens. Bem, isso é mais que comum no microblog, mas já vi muito perfil que só conta piada, só reposta o que os outros postaram ou, religiosamente, só publica notícias. Nada contra quem faz isso, cada um faz o que quer em suas redes sociais, mas esse é apenas um mote para eu vos apresentar este texto. Como me permito ir além e postar de artigos científicos a como foi meu dia, resolvi ceder ao poder das hashtags (espécie de hiperlink precedido pelo símbolo # onde você pode visualizar quem está falando sobre determinado tema naquele momento).

Na última sexta, antes de sair da internet, uma hashtag chamou minha atenção. #HoraDaIndireta era a primeira da lista e assim permaneceu por mais de 24 horas como sendo o assunto mais comentado do site no Brasil. O objetivo me pareceu bem simples: escrever uma indireta para alguém que estivesse online naquele momento e esperar a reação da pessoa. Ou meramente escrever e deixar lá. Confesso que aquilo me fez lembrar tantos episódios da minha vida envolvendo indiretas que quis testar o poder que elas têm sobre nós.

O meu “plano” era mais simples ainda: escrever uma falsa indireta e ver quantas pessoas iriam se afetar com aquilo. E lá fui eu perder tempo em uma noite de sexta-feira em casa.


Para quem não sabe, “Candy” é uma boate gay de São Luís. A intenção não era depreciar a opção sexual de ninguém, apenas mostrar de alguma maneira o quanto nos importamos com o que é publicado na internet, principalmente algo revelador como “uma menina que todos conhecem como exemplo a ser seguido beijando mulheres em uma boate”. Logo surgiu a pergunta: “quem é essa?”, expressa assim:


Não resisti. Acabei contando para quem fez a pergunta que aquilo era só um teste para ver o quanto as indiretas afetam as pessoas. Imediatamente, alguns outros seguidores curtiram a ideia e foram tweetando frases ácidas, cuja veracidade infelizmente não posso confirmar.


Teve até quem ficasse triste porque seus “alvos” não estavam no Twitter naquele momento:


No mais, o “tempo perdido” valeu a pena. Percebi o quanto a gente se torna infantil postando indiretas na web. O quanto eu era infantil em namoros passados postando frases ofensivas para quem só queria distância de mim. Hoje consigo controlar bastante isso, o que não significa dizer que eu não mais o faça. A indireta existe para que você coloque para fora o que tem medo de dizer. Bate um alívio, uma sensação (boba, efêmera, mas ainda assim especial) de estar por cima da carne seca, de saber que aquela pessoa vai ler e que aquilo vai afetá-la. Gostoso mesmo é quando a indireta é terna, meiga e engraçada. O alvo vai saber que aquilo é para ele – e, de quebra, ainda dará um sorrisinho.

Também há os casos em que as indiretas podem resolver um problema que você não quer ou tem medo de encarar. Pode ser a saudade de uma paixão antiga, o desejo de não ser perturbado à noite ou a tentativa de dizer para um amigo que ele faz falta.


No mais, indiretas são saudáveis, mas desde que seguidas algumas orientações. Não se deve viver só delas ou em função delas. Se alguém mandou ou disse uma dessas frases e você sabe que era para você, duas opções: responda e relaxe ou não responda e relaxe. Nada de criar grandes barracos em locais públicos ou nas redes sociais, no espaço destinado a compartilhamento de informações – além de correr o risco de perder amigos, você ainda vai gerar assunto para muito desocupado por aí. Evite ser visto(a) como o chato(a) dos lugares onde frequenta, sejam eles reais ou virtuais. Cresça! Etiqueta indireta, todo mundo deveria ter. Ou, pelo menos, fingir que tem.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nostalgia carnavalesca

Bateu saudade da inocência do Carnaval. Aliás, dos meus olhos inocentes presenciando aquela festa móvel de todo início de ano. Muito além do feriado e do “ficar em casa por dias seguidos”, o Carnaval tinha um sentido mágico para mim. Sempre gostei da cadência das músicas, dos ritmos que embalavam o rádio, a televisão e a folia de rua. Lembro que cheguei a me arriscar poucas vezes a ir ao centro da cidade ver os blocos passarem. O medo dos fofões, a caminhada demorada, nada disso tirava minha alegria de criança ao ouvir canções que eu sabia de cor de tanto escutar em casa.

“É gostosa, é gostosa, parece um avião, meu coração vai explodir” sem nenhuma conotação sexual, pura brincadeira de Bicho. Quem gosta, conhece ou já esteve no Carnaval do Maranhão sabe que o ar aqui é outro. Sem menosprezar o samba, o axé ou o frevo dos outros estados, aqui a irreverência realmente toma conta dos bairros, ruas e avenidas e invade cada coração, por mais duro que ele seja. Mesmo quem não gosta da folia acaba afetado pela Bandida na orla pacata ou pelo Jegue que emana molecagem por onde passa. A Máquina descasca desejos e projeta felicidade nos becos da São Luís serpenteada.

Tudo é festa em fevereiro-março. A imponência do Centro Histórico dá lugar ao colorido da trama entre o pierrot, arlequim e colombina. E eu sinto falta do tempo em que me importava mais com isso. A gente cresce, fica bobo, fala besteira e se esquece de celebrar a verdadeira alegria infantil que existe em nós. Como era legal fazer a tabelinha de apuração das notas das escolas de samba cariocas. A tensão das incontáveis tardes de quarta-feira de cinzas torcendo pelo Salgueiro, odiando a Beija-Flor e querendo que a Mangueira perdesse só pra não massagear o ego da mãe. O axé da Band, que era a preferência da prima postiça, completava minha folga, mesmo que eu não admitisse isso.

Alguns carnavais têm sabor maior de lembrança. Aqueles em que meu padrinho já falecido vinha passar férias aqui em casa são os de que mais me lembro. Filmes de bang-bang, chuva, ronco barulhento na sala de madrugada, gibis a cada ida à praça, sua incisiva crítica à “bobagem” que passava na TV durante essa época. Hoje vejo que foi o mais perto que tive da figura de pai. Acho que soube dar valor. Acho que soube aproveitar, da maneira e no tempo certos. Talvez por isso hoje em dia eu prefira ficar em casa patrocinando maratonas de filmes e séries ou jogando conversa fora com os amigos. É mais cômodo e saudosista.

Longe disso, enrolo uns passos e pulos durante a folia. Ano passado, um baile de máscaras com marchinhas antigas. Esse ano, bloco de rua na praia. Tô melhorando. É bem diferente do radinho de pilha onde eu ouvia o Gaguinho, mas é mais animado. Ainda tá em pauta criar uma charanga e circular pelo bairro jogando maisena nas crianças ou saber o que o interior do Maranhão tem de tão espetacular durante esse período. Se for só pra beijar a boca de 30 desesperadas, dispenso. Prefiro a alegria do meu feriado ao desespero de uma quarta-feira de cinzas.
Porque todo carnaval tem seu início, meio e fim...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Mixtape - Melancolia

Ódio, tristeza, vontade de sumir. Quem nunca passou por um momento desses? Durante a adolescência, milhares de jovens se trancam em seus quartos, ligam o som e começam a pensar se esse não seria o melhor momento pra fugir de casa ou até mesmo cometer suicídio. Quais músicas embalariam essa fase? A seguir, 20 canções melancólicas, depressivas e igualmente marcantes pra fazer você chorar desesperadamente agarrado(a) ao travesseiro. Enjoy!


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Balanço do inexistente

Lembro-me de beijos que não existiram. Lembro exatamente o momento em que nossas bocas se encontraram lentamente depois de uma brincadeira sagaz e um olhar certeiro. Lembro a hora, o lugar e a razão. Percebi seu quase gesto de recusa, o medo em seu olhar de menina recém-aprovada no vestibular. Lembro-me de não estar lá. E da sua ausência também.

Não consigo esquecer aquele sonho, que permanece até hoje encalacrado em minha lista de oportunidades perdidas. Queria poder dormir eternamente, com você permanentemente envolvida em meus braços mesmo que em uma dimensão transcendental. Não faria mais nada a não ser te impedir de voltar à realidade e me deixar ali, plantado em meu sonho impossível. Queria te proibir de viver sozinha e só lutar pra tê-la ao meu lado pelo tempo necessário que o pra sempre implica. Perco-me em detalhes soturnos e acabo assombrado por mim mesmo. Dica fundamental sobre mim: eu sou exatamente desse jeito.

Sou surpreendente mesmo quando você insiste em dizer que sou o mais previsível dos homens. Sou bobo, fofo ou todas as denominações que você me impõe a cada conversa demorada de madrugada. Sou aquele que você não teve, mas que permanecerá ao seu lado todo santo dia, esperando até que mude de ideia. Sou a essência da completude quando pensei que seria da impossibilidade. Sou apaixonadamente tentado a esquecê-la, mas daí percebo que meus dias sem você serão como salas de cinema fechadas pra balanço. Limpas, porém sem vida qualquer perambulando lá dentro.

Não a culpo. Até queria fazer isso, mas olho pra minha mão e vejo que três dedos estão apontados pra mim quando tento tocá-la. E como eu tento tocá-la. Tento sucessivas vezes tatear seu corpo, dar-te o carinho que nunca recebeu, mas você me evita. Esquiva, finge que está com frio e recusa meu calor. Confundo minha linguagem, erro coisas bobas quando estou perto de você. Reinvento todas as vírgulas, mudo os pronomes, seleciono os adjetivos. O meu verbo é você, mesmo que intransitivo, sem ligação nenhuma.

E sabe da melhor? Você sabe de tudo isso. Sabe que é a primeira a vir em minha mente quando a palavra ‘paixão’ surge em letras garrafais em um outdoor qualquer. Sabe do quanto preciso de você em um sábado à tarde só pra ver o pôr do sol. Sabe, pura e simplesmente, a minha verdade em relação ao que sinto por você. Mas espera pelo tempo certo. É tão sensata e especial que não acredita em milagres e mudanças repentinas por trás de alguém que já errou tantas vezes. O medo guia nossas mentes tal qual pais despreparados conduzem filhos inocentes. E vamos vivendo em cartas rabiscadas na última página de um caderno velho, em documentos escondidos no computador, em fotos nunca reveladas, nem mesmo nas redes sociais.

Somos diferentes de qualquer casal. Somos únicos e por isso mesmo reincidentes nesse crime de gostar demais, sem poder ter uma gota de decisão sequer. É melhor seguir assim sabendo que vou tê-la ao meu lado depois de um tempo do que correndo o risco de perdê-la. Prefiro mil vezes ser teu de mentira a não ser teu de verdade. Fica, vai ter festa. Vamos comemorar nosso primeiro mês de não namoro com um não beijo e uma não declaração de amor. Passa aqui em casa. Tô te esperando...