sexta-feira, 13 de maio de 2011

Não se morre de amor

Ando melhorzinho, mas ainda não livrei-me do dia do suicídio. Foi demais pra mim. Ver-te caída na sala de estar, olhos estáticos, sorriso forçado, dor. Não dava pra fazer mais nada. Só lembrava-me da carta. Maldita carta. Por que ele haveria de escrever-te dias antes uma carta? Poderia ser um e-mail, uma mensagem de texto. Tempos modernos, sacana. Morreu de amor ou do que dizia ser amor por ti, triste donzela. E você, boba, ingênua e infeliz, acreditou. Um homem não morre de amores assim. A morte é por dentro, tal qual a vida de uma árvore, que deixa a seiva acabar-se antes de cair suas folhas. Se morre aos poucos, de leve, primeiro às 4, depois às 10 da manhã. Ao meio-dia a dor é grande, mas pode-se resistir. Quando a tarde chega, já é hora de recomeçar. Deixar o sossego invadir e o pranto calar. À noite, tudo volta ao normal e fica-se esperando mais uma morte na madrugada seguinte. Morrer de amor é ressuscitar para amar, não suicidar-se da vida. Mais uma vez te enganou. Tal qual fez quando te levou pra cama, tirou tua roupa e rompeu tua inocência. Ah, Inocência. Morreu cedo demais. Antes mesmo que eu confessasse te amar. Morre aqui um sentimento, coisa que nem mesmo o tempo será capaz de matar.

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