quarta-feira, 16 de junho de 2010

Aquela doce cantiga de escárnio

Tudo começa no Trovadorismo. Homens renegados, bradando aos quatro ventos seu amor impossível por uma mulher mais impossível ainda. Cantigas de amor, cheias de emoção, entrega e submissão. Você não pode ter aquela mulher, pelos mais variados motivos. Você a protege. Evita falar seu nome, glorifica uma mesura inigualável e continua escrevendo. E cantando...

No Trovadorismo, tudo termina. O cansaço, talvez as inúmeras tentativas, os inúmeros impedimentos, sua falsa fé. O fato é que aquela mulher, antes perfeita, antes digna de horas gastas por nada, antes tida como sua eterna paixão, agora não merece nenhuma admiração. Não vale amor platônico, não vale amor de amigo, não vale textos com estrofes musicadas. Só passa a valer o sarcasmo, a ironia, a raiva. E por que não dizer o maldizer?

No Trovadorismo, tudo começa. Começa a perceber que não vale só falar bem daquela que outrora você amou, mesmo não podendo amar. Ela não podia amar você. Ela amava outro alguém. Ou a obrigaram a amar outro alguém. E você começou. Começou a destratá-la, começou a adjetivá-la com palavras horríveis, primeiro sem intenção que ela – nem os outros – soubesse que aquilo era pra ela. Descontou sua pior ira. Escarneceu!

Agora, tudo termina no maldizer. Você vai contar a história com nomes e sobrenomes, vai agredir, vai ridicularizar e pode até usar de uma linguagem chula pra atingir seus objetivos. Tudo vale nesse momento. A hora é do trovador. Satirizar, essa é a palavra. Mesmo que você não viva em feudos, você sofre uma coita de amor. Coitado!

A que ponto chegamos? Você, um Rei e nós, simples vassalos. Ser trovador é difícil. Principalmente, em pleno século XXI.

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