Amores não são terríveis. Amores são amores, feitos de
alegria, compreensão e beijo na boca. Amores são diários, cotidianamente
escritos com caneta esferográfica de tinta preta. Amores são pores do sol no
Terminal de Integração da Praia Grande, perto do VLT. Amores são duas almas em
perfeita sintonia, alinhadas feito eclipse total da lua. Alinha-se a vontade de
ter um amor com a vontade de ser amado. Amor é pecado. Amar é ter com quem
pecar.
Amores são terrivelmente belos. Beleza que não se admira em
exposição de arte ou desfile de moda. Amores são uns bobos, rolando na grama
depois da primeira chuva do ano. Amores se encontram na fila do cinema, em uma
sessão esgotada para o futuro ganhador do Oscar. Amores, muitas vezes, nem
sabem que são amores. Xingamentos, beliscões, risos amarelos e amores. Afinal,
quem está preparado pra amar? Amar não é despreparo, surpresa, estar desengonçado
frente ao amor? Amar não é simplesmente amar?
Amores são terríveis. Acabam com o juízo, proporcionam a
insônia, afetam o metabolismo. Pra desregular, basta amar! Amores se
desencontram tentando se encontrar e acabam perdidos no meio do nada. Amores
são decadentes com elegância. Amores são elegantes em decadência. Só não me
peça pra parar de amar. Não me peça pra parar de perder o juízo, ficar sem dormir
ou manter-me desregulado. Só não me peça pra parar de ser terrivelmente amor.
Amores são amores. E só. Dois, três, quatro amores. Dores.
Pores do sol na Praia do Calhau falando sobre ex-amores. E se tu fores pra
nunca mais voltar? Fico aqui ou procuro um novo amor? Vou-me embora pra Pasárgada pra ser amigo de quem? Nem o Rei me quer mais em suas terras. Alega que não tenho um amor, desses de contos de fada, desses de poema do Drummond. Minha vida é uma quadrilha, onde sequer J. Pinto Fernandes aparece na história. Cadê você, amor? Vou me precipitar no caos com essa coleção de objetos de não amor. Amores tecem dores. Amortecedores. Freio em mim mesmo. Freio a mim mesmo. Amores são terríveis? Sim, da pior espécie que possa existir!
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