sábado, 5 de maio de 2012

À espera da próxima estreia

Saudade de quando minha vida parecia uma comédia romântica, dessas gostosas de assistir acompanhado, comendo pipoca e dando beijinhos na bochecha da outra pessoa de meia em meia hora. Saudade da sensação maluca de ouvir uma trilha sonora ecoando pelas ruas e avenidas da cidade a cada vez que o casal protagonista se encontra. Saudade do clímax da história onde alguma bobagem ou armação separa o mundo aparentemente perfeito dos dois. Vai ver eu só esteja saudosista mesmo, olhando pra janela escancarada do passado e refletindo sobre meus erros e acertos.

Quem nunca errou? Quem nunca achou que estivesse fazendo a coisa certa e se deparou em um verdadeiro filme de terror? A tensão da ligação inesperada da madrugada dando lugar àquela marcada por um “precisamos conversar, te ligo mais tarde”. Inevitavelmente, a gente sabe que vai ser assim, mas deixa de acreditar a cada corte bonito de cena, porque o Oscar vale mais que qualquer crítica de gente especializada idiota. Um incrível teatro de ilusões perfeito pra gerar público, principalmente em eras de sociabilidade exagerada.

Sim, sinto falta das fotos bonitinhas, das poses bonitinhas, da bonitinha - o que não significa que eu queira a mesma direção de fotografia nos meus próximos filmes. Aprendi nesse ínterim que visualizar seu passado no futuro só serve pra te desestimular ainda mais e perder oportunidades de ouro. Grandes personagens deixam de fazer parte do seu kasting de histórias porque você simplesmente não os incluiu lá. Ponderar demais é perigoso, principalmente pra quem não sabe fazê-lo.

Se já era hora de terminar o filme, tirar o disco do player e colocá-lo na caixinha, ninguém nunca vai saber. Não seria melhor ver os extras antes de devolver o dvd pra locadora? Ninguém nunca vai ouvir os comentários dos atores ou do diretor sobre essa conversa pra boi dormir que é amar. Sou contrário ao “não deu certo”, posto que seja eterno, infinito e certo enquanto dure. A única certeza nesse show de incertezas das relações amorosas é que faz falta quando se esvai. E somente outra comédia romântica tira o título da última favorita.

Já me acusaram de tudo, inclusive de péssimo diretor/ator nessas obras de arte. O meu 3D é descobrir, degustar e me decepcionar. A culpa não é da produção, do cenário ou da protagonista, é minha mesmo. Poucas vezes eu soube enquadrar a cena e escolher o que o público vai ver. Meu próximo filme vem carregado de uma dose colossal de novas experiências e reflexões. Coisa pra inglês ver. Produção totalmente nacional, filmada em ônibus, livrarias, casas de show e universidade, assim espero. Sobre a estreia? Ainda preciso encontrar alguém que se encaixe ao papel que escrevi - personagem simples, porém complexa, do jeito que todas as anteriores foram. Em breve, no meu cinema, perto de mim e de você.


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