domingo, 25 de dezembro de 2011

Boas festas...

Viviam às turras. O Marido, cansado, chega em casa, desabotoa o palitó, deixa o sapato pela sala e pega rapidamente o controle remoto a fim de não perder os minutos finais do jogo de quarta. A Esposa, que a essa altura já brigou com o Filho adolescente por causa do barulho da guitarra, ensaia mais uma discussão, agora com aquele que outrora fora o destinatário de seu ‘felizes para sempre’. O Marido retruca dizendo que está cansado, o que se comprova pela sexta palavra deste conto infeliz. A queixa faz lembrar a casa ao lado, onde a mesma cena se repetiu noite passada. Agora são as opções de comida que desagradam os ex-noivos. O Filho continua tocando Nirvana com notas erradas. Isso acontece, religiosamente, todo santo dia.

24 de Dezembro. O Marido beija a Esposa e exala o perfume novo que ganhou da prometida como se não houvesse amanhã. O Filho de 16 anos veste uma roupa nova que ganhou da mãe protetora e passeia pela casa com a 18ª Namorada. Comida não é problema. Na mesa posta, várias opções para um jantar que só pode ser servido à meia-noite, preparado especialmente pela mulher que mais gosta de cozinhar nesse mundo: a Esposa. Os Tios chegam trazendo os Avós, meio desconsertados pela idade avançada, mas cheios de histórias. A Prima começa a flertar com o Filho e a Namorada do Filho imagina uma cena de ciúme explícito, mas se contém, afinal é noite de Natal. A felicidade reina e a falsidade também.

Intervalo entre 25 e 30 de Dezembro: favor ler o primeiro parágrafo (com exceção do futebol, que, nessa época, é substituído por comédias duvidosas).

31 de Dezembro. O Marido traz uma caixa de fogos de artifício e promete “passar a virada” tocando foguetes, o que não faz desde os 12 anos de idade porque queimou a mão acidentalmente. A Esposa liga para as amigas e procura uma festa animada, de preferência com comida pronta e boa música, para fazer o Marido desistir da ideia boba. O Filho passeia pela casa com a 19ª Namorada (leia-se: a Prima). Todo mundo resolve, em uma conversa pacífica, passar o “Ano Novo” na praia. O Marido põe a bermuda branca que ganhou no amigo invisível da empresa, a Esposa coloca o vestido que mandou fazer na costureira e o Filho continua beijando a Prima, pouco se importando com o que usar.

1º de Janeiro. Um trânsito infernal na hora de voltar da praia. A Esposa passa mal graças a um marisco que comeu horas antes por lá. O Marido, depois de umas 5 cervejas, começa a dizer que avisou para ela não comer “porcaria” e que deveriam ter ficado em casa iluminando o céu do bairro com os tais fogos. Os dois brigam. O Filho e a Prima encontram uns amigos e se drogam na areia. Já é quase de manhã. Aparentemente, tudo voltou ao normal. Com gosto de Ano Novo, com jeito de vida velha...

Tenho me perguntado isso todos os dias...

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