terça-feira, 2 de novembro de 2010

Divino sorriso

Regina Spektor tem razão. “Ninguém ri de Deus em um hospital / Ninguém ri de Deus em uma guerra / Ninguém está rindo de Deus quando está morrendo de fome, congelando ou muito pobre.” Até o indivíduo mais autossuficiente em assuntos religiosos sente a necessidade, mais cedo ou mais tarde, de acreditar em uma força superior a si. Não significa necessariamente ter fé, pois fé está mais ligada ao rotineiro, ao cotidiano, ao ‘acreditar no impossível’. Nesse caso, é puro desespero mesmo.

Quantas vezes não nos vimos pedindo a Deus por uma melhora de vida, uma cura ou um desejo egoísta? E quantas vezes não blasfemamos dizendo que Ele não está nem aí para o que pensamos, sentimos ou queremos? Paciência nessas horas é a última virtude que sonhamos ter. Mas já pensou se Deus nos desse tudo? Não ficaríamos insatisfeitos mesmo assim? Pois é.

“Mas Deus pode ser engraçado”. Naquela coincidência que o fez encontrar a mulher de sua vida, naquele dia em que tudo o que você mais queria era ficar em casa – e não conhecer o dono daquela multinacional, que lhe daria um dos empregos mais cobiçados do mundo -, ou no dia em que seu animal de estimação mexeu tanto no quintal que acabou achando ouro. É o Senhor das coincidências atuando e você rindo da situação.

O fato é que não existe deus bom ou mau. A qualidade de um deus vai de acordo com nossas conveniências. Se ele nos faz algo de bom, ele é bom. Se ele nos faz algo de mau, ele é mau. Simples. E a mais perfeita das injustiças. Reparou como até nossas relações com os deuses estão pautadas pelo egoísmo? Soa como ‘cada um que tem o deus que merece’.

Acredite em um pedaço de madeira, em uma bola furada ou em um semáforo. Pra você, eles podem ser os deuses perfeitos. Não o cobram muito, você pode vê-los, senti-los, falar diretamente com eles. Mas lembre-se de que o pedaço de madeira pode conter farpas e machucá-lo. Perceba que a bola furada está furada e que não serve pra nada. E que o semáforo, apesar de estar lá em cima, ainda o faz parar, refletir e seguir em frente, só que de acordo com um temporizador ou com o fluxo de veículos.

"No one´s laughing at God / We´re all laughing with God."


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