Mas qual seria o mal dessa tal Indústria? Adorno costumava dizer que “A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente”. Vejamos se é possível entender. O que o filósofo alemão queria dizer era que, se deixássemos a alienação tomar conta de nós, seríamos presa fácil do sistema, viveríamos baseados nos gostos alheios, anseios de terceiros, sem a formação de um caráter ou até mesmo de uma opinião própria.
O que era temido por ele, infelizmente, acabou acontecendo. Hoje em dia, a mídia nos coloca a disposição milhares de motivos pra vivermos enganados (ou parcialmente enganados) por ela. Deste modo, a obra de Adorno torna-se super atual, discutida por muitos estudiosos da área.
Em um cinema, por exemplo. Você vai ao cinema apenas para assistir a um filme. Mas ao chegar no local combinado, você se vê obrigado, pelo sistema, a comprar pipoca, refrigerante, docinhos e quem sabe um daqueles óculos 3D pra poder assistir ao filme, também em 3D.
O principal motivo dessa disseminação da Indústria Cultural está relacionado ao crescimento inevitável do capitalismo. Na época em que “Dialética do Esclarecimento” fora escrita, o capitalismo passava por um período de fortalecimento, onde a humanidade vivia doente, baseada na lei do comércio, dinheiro acima de tudo e de todos. O nascimento dessa mazela vem dos tempos da Primeira Revolução Industrial, consolidando-se com seu segundo período. É nessa época, por exemplo, que se vê crescer o individualismo, que, segundo Adorno, seria o fruto dessa Indústria Cultural.
É importante ressaltar que, nessa Indústria, o homem não passa de mero instrumento, ou seja, objeto. É ele o alvo de tudo. Das promoções-relâmpagos aos descontos de 5% dados em uma loja. Até o seu próprio lazer torna-se um complemento ao trabalho, por isso tantas opções de bares, casas de festa, etc. Ainda no comércio, a dúvida impera: que produto escolher? O mais barato, o mais caro, o melhor? Que nada! Todos estão ali, basta pegar o mais bem embalado e mais colorido e levar. Pegue leve.
E o problema do consumismo? A Indústria Cultural cria o produto, torna-o supérfluo e acaba fazendo o objeto (homem) consumi-lo, de forma a não critica-lo, muito menos escolhê-lo. É a alienação tomando conta de uma sociedade gravemente doente e sem previsão de cura.
