Saudade de quando minha vida
parecia uma comédia romântica, dessas gostosas de assistir acompanhado, comendo
pipoca e dando beijinhos na bochecha da outra pessoa de meia em meia hora. Saudade
da sensação maluca de ouvir uma trilha sonora ecoando pelas ruas e avenidas da
cidade a cada vez que o casal protagonista se encontra. Saudade do clímax da
história onde alguma bobagem ou armação separa o mundo aparentemente perfeito
dos dois. Vai ver eu só esteja saudosista mesmo, olhando pra janela escancarada
do passado e refletindo sobre meus erros e acertos.
Quem nunca errou? Quem nunca
achou que estivesse fazendo a coisa certa e se deparou em um verdadeiro filme
de terror? A tensão da ligação inesperada da madrugada dando lugar àquela marcada
por um “precisamos conversar, te ligo mais tarde”. Inevitavelmente, a gente sabe
que vai ser assim, mas deixa de acreditar a cada corte bonito de cena, porque o
Oscar vale mais que qualquer crítica de gente especializada idiota. Um incrível
teatro de ilusões perfeito pra gerar público, principalmente em eras de
sociabilidade exagerada.
Sim, sinto falta das fotos
bonitinhas, das poses bonitinhas, da bonitinha - o que não significa que eu
queira a mesma direção de fotografia nos meus próximos filmes. Aprendi nesse ínterim
que visualizar seu passado no futuro só serve pra te desestimular ainda mais e
perder oportunidades de ouro. Grandes personagens deixam de fazer parte do seu
kasting de histórias porque você simplesmente não os incluiu lá. Ponderar
demais é perigoso, principalmente pra quem não sabe fazê-lo.
Se já era hora de terminar o
filme, tirar o disco do player e colocá-lo na caixinha, ninguém nunca vai saber.
Não seria melhor ver os extras antes de devolver o dvd pra locadora? Ninguém
nunca vai ouvir os comentários dos atores ou do diretor sobre essa conversa pra
boi dormir que é amar. Sou contrário ao “não deu certo”, posto que seja eterno,
infinito e certo enquanto dure. A única certeza nesse show de incertezas das
relações amorosas é que faz falta quando se esvai. E somente outra comédia
romântica tira o título da última favorita.
Já me acusaram de tudo, inclusive
de péssimo diretor/ator nessas obras de arte. O meu 3D é descobrir, degustar e me
decepcionar. A culpa não é da produção, do cenário ou da protagonista, é minha
mesmo. Poucas vezes eu soube enquadrar a cena e escolher o que o público vai
ver. Meu próximo filme vem carregado de uma dose colossal de novas experiências
e reflexões. Coisa pra inglês ver. Produção totalmente nacional, filmada em
ônibus, livrarias, casas de show e universidade, assim espero. Sobre a estreia?
Ainda preciso encontrar alguém que se encaixe ao papel que escrevi - personagem
simples, porém complexa, do jeito que todas as anteriores foram. Em breve, no
meu cinema, perto de mim e de você.
Aguardo ansiosa os próximos capítulos.
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