Quer saber? Já tô cansado de viver
como em um filme do Woody Allen. Cansei de tantos encontros e desencontros,
chegadas e despedidas, histórias fortuitas e intempestivas. Cansei de alcançar
a pessoa certa e simplesmente desperdiçá-la por minha falta de coragem ou
qualquer outra coisa parecida. Tô cansado de chegar ao ponto de ônibus segundos
depois do coletivo ter passado. Cansei por nem ter chegado. Eu, sinceramente,
cansei.
Não é por causa de você. Nem por
sua causa. Nem pela sua. Vocês formaram a tríade do que eu pensei ser
impossível, do que eu nunca acreditei que pudesse acontecer, daquilo que eu
nunca sonhei que viesse a ser verdade. Estou preso a uma cama de gato,
diferente das normais, já que eu posso sair dela a qualquer momento, até porque
ela nem existe realmente. É uma cama de gato eficiente. Problemas resolvidos
que, do nada, parecem mal resolvidos; histórias incompletas que se completam
justamente por causa da incompletude nelas evidente; romances que nem mesmo
aconteceram, mas que povoaram minha mente por semanas e semanas.
Afinal, o que é certo a fazer?
Envolver-se em uma trama insincera e resolver todos os seus problemas ou
vivenciar uma paixão tórrida há tanto sonhada e cair no abismo da traição? O
que é justo? Se a gente não tivesse exagerado a dose, teria vivido um amor
Grand Hotel, esse mesmo, do filme antigo. Aliás, o que anda sendo o amor
ultimamente? O retorno a uma realidade de duros golpes ou a pura ausência do
querer aventurar-se? Não consegui dormir noite passada. Rolei na cama por horas
até entender que eu sem você é pura questão de tempo. E que eu sem a gente,
simplesmente não existe.
Tenho sido poeta, eu sei. Mas
poesia ainda é uma das poucas coisas que me restam, aliada ao meu bom senso, ao
bom caráter e ao bom dia. Não tenho do que reclamar, eu só não estava preparado
pra enfrentar tanta coisa em tão pouco tempo. Ou devo dizer, tanta falta de
tanta coisa em tão pouco tempo. O certo é que tenho grande parte da culpa pela inexistência
de algumas dessas coisas. Eu reneguei, deixei pra lá e cá estou eu, digitando
freneticamente tudo o que me vem à cabeça. E o pior que nenhuma gota de chuva
cai do céu.
Se era isso que queriam,
conseguiram. Não duvido nada de terem planejado tudo isso em um domingo à
tarde, com nutellas à mesa e vingança na mente. Plantaram evidências nos locais
certos, aproveitaram-se de minha nobreza e conquistaram o mais precioso dos
meus bens: o coração. Nele, está guardada a lição mais valiosa que aprendi
disso tudo: respeito é bom e eu gosto. E foi o que eu mais tive de vocês nesses
últimos tempos.
Cada uma é inesquecível à sua forma.
E o único elo pra que essa história pudesse fazer sentido estava aqui o tempo
todo, pronto pra vivê-la, cabeça erguida e coração desprotegido. Não condeno
vocês por nada. Ninguém foi o culpado. Eu só não tive tempo de dizer tudo o que
eu queria a quem eu queria. Hoje, já está tudo resolvido. Sinceridades à parte,
vejo, finalmente, que Drummond tinha razão quando escreveu "Quadrilha". E, olha,
eu morro de medo de ser um J. Pinto Fernandes, aquele que nem sequer havia
entrado na história.
História de um par - Stalingrado |
Preciso dizer que vem ou outra, sinto os seus textos muito presos a formalismos e à estética. Mas, em verdade, é assim quando você deixa as palavras te dominarem ao invés de vocês querer dominá-las que nasce as coisas mais bonitas que você poderia dizer. Um texto belo, Marcos.
ResponderExcluirBeijos.
Achei uma ótima maneira de ficar tranquilo: se culpar.
ResponderExcluirAssumir o erro é uma boa maneira de se esconder - até a dor passar...